terça-feira, 23 de outubro de 2012

Texto de aluna (do CEF 104 Norte) selecionado como finalista das Olimpíadas de Língua Portuguesa


Amanda Ferreira de Aquino 8ºB

Mundo frio

Ao meu redor, milhões de lugares, milhares de pessoas, porém são faces e lugares pouco conhecidos. Eu ando sem pensar em nada, observo o céu cinza e lembro-me do Zeca Baleiro: cinza como o céu de estanho. Céu tão nublado que chega a ser triste. Estou molhado, chove, mas não sinto frio algum.
Paro e observo algo que me chama a atenção: uma pequena garota chora em silêncio, seu cabelo é longo e de colorido moderno – incomum; sua pele de tão branca chega ao pálido e, sua face... lembrou-me algo parecido a um anjo... sem expressão... somente lágrimas que se confundiam com as gotas de chuva, movimentavam-se em sua alva pele.
Comovo-me com tal cena. Trovões começam a assustar os outros que por ali passavam absortos, mergulhados em seus problemas. Só eu ouço o pranto desesperado vindo da minha esquerda. Paro. Estou diante de um dos viadutos capital, o Airton Senna e penso no paradoxo de ter alguém tão triste num lugar tão bonito. Isso me comove mais.
O tempo passa e ficamos só eu e a garota triste. Não há mais transeuntes. Abaixo da onde nos encontramos, carros passam velozes sem se preocuparem com o perigo do asfalto molhado. Passageiros e motoristas não sabem a dor que o viaduto abriga.
Penso em ajudar a jovem. Será que ela precisa de ajuda? Tristeza tornou-se algo comum para todos. De longe observo. Ela sobe em algo. Vence o primeiro empecilho. Seu vestido branco meio manchado, nem mesmo se move, está grudado em seu corpo molhado. Vira-se, ameaçando cair. Seu corpo imóvel já não treme e ela parece determinada a fazer algo...
E, quando percebo que a garota melancólica quer acabar com sua tristeza ela me vê e sorri. Ainda me olhando, balança. Sem hesitar, corro em sua direção, estendendo meu braço para alcançá-la. Foi tarde. Seu sorriso foi se desmanchando, tornando-se um suspiro.
Fecho meus olhos para não acreditar em tal desgraça. Em vão: não me esquecerei de seu sorriso calmo apagado pela vida. Choro e penso neste mundo em que um sorriso final é levado pela morte é certamente um mundo muito frio.

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