quarta-feira, 25 de agosto de 2010

GERMINAL - ÉMILE ZOLA - NATURALISMO


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Germinal é um romance do escritor Emile Zola, o décimo terceiro da série Les Rougon-Macquart e porventura um dos mais famosos.
A cena tem lugar no norte da França enquanto uma greve provocada pela redução de salários. Além dos aspectos técnicos das extrações minerais e as condições de vida nos agrupamentos dos mineiros, Zola também descreve o princípio das organizações política e sindical da classe operária divididas entre marxistas e anarquistas.
Para compor Germinal, o autor passou dois meses trabalhando como mineiro na extração de carvão. Viveu com os mineiros, comeu e bebeu nas mesmas tavernas para se familiarizar com o meio. Sentiu na carne o trabalho sacrificado, a dificuldade em empurrar um vagonete cheio de carvão, o problema do calor e a umidade dentro da mina, o trabalho insano que era necessário para escavar o carvão, a promiscuidade das moradias, o baixo salário e a fome. Além do mais, acompanhou de perto a greve dos mineiros.

(Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre, com adaptações)

 
Germinal - Émile Zola
"Meu papel foi recolocar o homem no seu lugar dentro da criação, como um produto da terra, submetido ainda a todas as influências do meio; e no próprio homem coloquei em seu lugar o cérebro, um órgão entre outros órgãos, porque não creio que o pensamento seja outra coisa além de uma função de matéria." 
(Émile Zola)

Émile Zola, francês, foi o criador do gênero de romance naturalista, influenciando autores muito importantes da literatura em língua portuguesa, como Eça de Queirós e Aluísio de Azevedo. Vivendo nas décadas finais do século XIX, em que a fé no progresso e o culto à ciência imperavam nos círculos intelectuais em nível praticamente mundial, o estilo de Zola decorre de uma fusão do romance realista de Balzac, Stendhal e Flaubert, baseados na crítica de costumes sociais, com autores da biologia e da medicina, como Darwin e Claude Bernard. Da fusão do realismo com a biologia, Zola criou a escola naturalista, em que a análise social, crítica, do comportamento de seus personagens busca fundamentos no conhecimento científico da biologia de sua época. Assim, as características mais marcantes de sua obra, presentes também nos demais autores naturalistas, são:

I. Em primeiro lugar, a visão do homem como um animal, movido pela eterna satisfação de suas necessidades biológicas e pela adaptação ao seu meio. Repetidas vezes, Zola descreve as ações e o comportamento de seus personagens humanos como próprias de animais, ou então descreve animais como dotados de comportamento quase humano (como o cavalo Batalha, o "filósofo").

 
II. Em segundo lugar, a ação humana é muito influenciada por questões patológicas na obra de Zola. O desenvolvimento da vida de seus personagens depende muito das doenças as quais os mesmos estão submetidos. Obviamente, isso decorre da busca de fundamentação científica para descrever o comportamento humano pelo autor. Assim, enquanto os mineradores, por estarem em contato com mais doenças, já são descritos fisicamente e psicologicamente como adultos logo na puberdade, os jovens burgueses mesmo depois dos vinte anos ainda são vistos como crianças.

III. O determinismo pelo meio. Sendo o homem um animal como todos os outros, vive em busca de se adaptar ao seu meio. Portanto, o meio é um fator determinante ao comportamento humano; é mais forte do que qualquer ação individual. No livro, por mais que fosse sofrida a vida dos mineiros de Montsou, eles nunca conseguiam viver sem trabalhar nas minas, ou então ir embora. Eles parecem biologicamente presos a sua condição, passando de geração para geração.

IV. O instinto. Apesar de viver em uma época em que as pessoas intelectualizadas tinham plena fé no desenvolvimento científico e na racionalidade humana, Zola põe na irracionalidade, isto é, nos surtos emocionais de seus personagens, um fator de extrema importância no enredo. Por exemplo, a revolta dos mineradores contra seus patrões decorre muito mais do simples ódio de classe do que um movimento racional para elevar os seus salários.

V. O niilismo. O sofrimento e a injustiça são elementos freqüentes no comportamento humano. Mas, para uma sociedade de animais medíocres, irracionais e presos ao seu meio, por mais revoltante que ele seja, como a sociedade humana, melhoras são praticamente impossíveis.

Em termos de enredo, o livro conta a história de Etienne, um trabalhador qualificado com impulsos socialistas, que por ser demitido de seu antigo emprego por brigar com seu ex-patrão, consegue um emprego de minerador em Montsou. Trabalhando com os demais mineradores, muito mais embrutecidos que ele, Etienne acaba se incorporando ao ambiente de pobreza, promiscuidade e ignorância da comunidade de mineradores. Contudo, por sua natureza socialista e intelectual o faz tornar-se um líder carismático de sua comunidade, incitando os trabalhadores contra seus patrões. Contudo, antes de provocar um luta de classes no sentido marxista do termo, o personagem provoca uma revolta dos humanos contra o seu meio natural, que é muito mais forte do que eles.

A corrente de romance naturalista, mesmo que tenha sido fundamental para o desenvolvimento da literatura ocidental no final do século XIX, e tendo influenciado muitas das escolas modernas, tem a sua metodologia de análise do comportamento humano bastante ultrapassada aos olhos da ciência dos dias atuais. Atualmente, os pesquisadores sociais não acreditam mais no determinismo sobre o homem, isto é, fatores ambientais, patológicos e sociais podem influenciar o comportamento humano em uma escala que depende de indivíduo para indivíduo. Mas há um fator de individualidade (presente inclusive no DNA de cada pessoa) que não pode ser descartado sobre o comportamento, que diferencia as pessoas entre si, e que as fazem tomar ações distintas e criativas, podendo dessa forma se desvincular de seu meio social. 


VEJA TAMBÉM SOBRE ESTE ASSUNTO --> REALISMO E NATURALISMO 

PARTE 1
PARTE 2

PARTE 3

PARTE 4

PARTE 5

PARTE 6

PARTE 7

PARTE 8

PARTE 9

PARTE 10

PARTE 11

PARTE 12

PARTE 13

PARTE 14

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